Reportagem do G1/Agência Estado
Denio Hurtado
28/05/2008
Austregésilo Carrano Bueno em 2001,
durante o Festival de Cinema de Brasília
(Foto: Denio Hurtado/Agência Estado)
Morreu na tarde de terça-feira (27), aos 51 anos, o escritor Austregésilo Carrano Bueno. Ele estava internado desde segunda-feira (26), no Hospital das Clínicas, na Zona Oeste de São Paulo. Ele morreu às 17h40 em razão de uma infecção generalizada resultado de um câncer no fígado.
O trabalho mais conhecido de Carrano foi o livro "Canto dos Malditos", que originou o filme "Bicho de sete cabeças" (2001), dirigido por Laís Bodanzky e que tinha Rodrigo Santoro no papel principal. No livro, Carrano Bueno narrava supostos abusos praticados em centros psiquiátricos em Curitiba e no Rio, dos quais era interno. A obra foi lançada no começo dos anos 90, foi reeditada pouco depois da estréia do filme e teve sua comercialização proibida pela Justiça em 2002, a pedido da família de um psiquiatra. Foi recolhida das livrarias do país e só teve permissão para ser reeditada no ano passado. Segundo seu relato autobiográfico, Carrano Bueno foi internado aos 17 anos, em 1974, após seu pai ter encontrado uma trouxinha de maconha nos seus pertences. Ele narra, então, que era submetido a sessões de eletrochoque e a tomar medicamentos fortes, além do relacionamento difícil com os funcionários dos centros em que estava internado. Como conseqüência dos anos de internação, segundo ele, houve problemas de visão e seqüelas no crânio.
O trabalho mais conhecido de Carrano foi o livro "Canto dos Malditos", que originou o filme "Bicho de sete cabeças" (2001), dirigido por Laís Bodanzky e que tinha Rodrigo Santoro no papel principal. No livro, Carrano Bueno narrava supostos abusos praticados em centros psiquiátricos em Curitiba e no Rio, dos quais era interno. A obra foi lançada no começo dos anos 90, foi reeditada pouco depois da estréia do filme e teve sua comercialização proibida pela Justiça em 2002, a pedido da família de um psiquiatra. Foi recolhida das livrarias do país e só teve permissão para ser reeditada no ano passado. Segundo seu relato autobiográfico, Carrano Bueno foi internado aos 17 anos, em 1974, após seu pai ter encontrado uma trouxinha de maconha nos seus pertences. Ele narra, então, que era submetido a sessões de eletrochoque e a tomar medicamentos fortes, além do relacionamento difícil com os funcionários dos centros em que estava internado. Como conseqüência dos anos de internação, segundo ele, houve problemas de visão e seqüelas no crânio.
Carrano Bueno tornou-se mais tarde um dos símbolos do movimento antimanicomial. Em outra ação, o hospital Bom Retiro e a Federação Espírita do Paraná entraram com uma ação para que ele não fizesse mais palestras ou desse entrevistas sobre anos em que passou internado em instituições. A família de Carrano aguarda a chegada do corpo em Curitiba, onde ele será velado e enterrado, no Cemitério Parque Iguaçu. A previsão é que o enterro ocorra por volta das 17h. O escritor deixou filhos, dois irmãos e a mãe, Maria Carrano, de 70 anos.
Repercussão
Laís Bodanski, diretora de "Bicho de sete cabeças", afirmou que Carrano foi corajoso em dedicar sua vida à luta antimanicomial. "O que eu mais admiro na história dele é que foi muito corajoso, não teve medo de se expor, de passar por preconceito por ter sido internado em um manicômio. Pelo contrário, ele fez parte dos movimentos antimanicomiais para evitar que outras pessoas passassem pelo que ele passou." Ela lembra que, apesar dos problemas enfrentados pelo autor, ele publicou em seu livro os nomes reais de todos que participaram de sua história. "Além de enfrentar todas as seqüelas da internação, ele ainda foi perseguido e teve sua obra cassada. Fez da vida dele uma bandeira." Quanto ao filme, a diretora afirma que desde o início do projeto, Carrano se envolveu e colaborou. "Ele entendeu o projeto e nosso relacionamento foi de total harmonia. Conversou bastante com o Rodrigo Santoro e contou a ele sua experiência", lembrou a diretora, destacando que o protagonista foi apenas inspirado na história do autor.
No início desta tarde, o presidente da ONG Vida em Ação, Pedro Carneiro, disse que foi pego de surpresa pela morte de Austregésilo. “Até pela questão da doença, ele estava um pouco afastado do movimento”, disse Carneiro. A ONG Vida em Ação é ligada ao Movimento Nacional da Luta Antimanicomial. O presidente da Vida e Ação lamentou a morte do escritor. “(Austregésilo) era uma pessoa muito crítica ao tratamento convencional psiquiátrico. Até porque passou por ele. Por ter essa vivência, tinha sempre uma posição muito radical e muito coerente com a visão que passava nos livros”, afirmou.
Repercussão
Laís Bodanski, diretora de "Bicho de sete cabeças", afirmou que Carrano foi corajoso em dedicar sua vida à luta antimanicomial. "O que eu mais admiro na história dele é que foi muito corajoso, não teve medo de se expor, de passar por preconceito por ter sido internado em um manicômio. Pelo contrário, ele fez parte dos movimentos antimanicomiais para evitar que outras pessoas passassem pelo que ele passou." Ela lembra que, apesar dos problemas enfrentados pelo autor, ele publicou em seu livro os nomes reais de todos que participaram de sua história. "Além de enfrentar todas as seqüelas da internação, ele ainda foi perseguido e teve sua obra cassada. Fez da vida dele uma bandeira." Quanto ao filme, a diretora afirma que desde o início do projeto, Carrano se envolveu e colaborou. "Ele entendeu o projeto e nosso relacionamento foi de total harmonia. Conversou bastante com o Rodrigo Santoro e contou a ele sua experiência", lembrou a diretora, destacando que o protagonista foi apenas inspirado na história do autor.
No início desta tarde, o presidente da ONG Vida em Ação, Pedro Carneiro, disse que foi pego de surpresa pela morte de Austregésilo. “Até pela questão da doença, ele estava um pouco afastado do movimento”, disse Carneiro. A ONG Vida em Ação é ligada ao Movimento Nacional da Luta Antimanicomial. O presidente da Vida e Ação lamentou a morte do escritor. “(Austregésilo) era uma pessoa muito crítica ao tratamento convencional psiquiátrico. Até porque passou por ele. Por ter essa vivência, tinha sempre uma posição muito radical e muito coerente com a visão que passava nos livros”, afirmou.
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